quarta-feira, 28 de abril de 2010

Poucas palavras

Eles se conheceram na repartição. Ambos bem sucedidos, independentes. Solteiros. Filhos tinham os dois. Um cada um. Ela, espirituosa, bela mulher, 32 anos. Ele, tímido, introspectivo. Mais jovem. Falavam-se menos do que desejavam. Eram de departamentos diferentes e signos também. Bom dia, boa tarde nos corredores. Era só. Foi assim por seis meses. Até a primeira confraternização.

Entreolharam-se muitas vezes. A distância, sinalizaram um encontro para mais tarde, longe de todos. Não esperaram. Alguns drinks e pareciam outros. Finalmente aproximou-se. Um convite. Tomou-a pela mão, pondo seu copo sobre a mesa dos coquetéis. Dançaram. Saíram à francesa.

― Táxi!

― À esquerda, por favor!

― Noite quente!

― Oh!

― Direita!

― Música?

― Não.

― Chegamos. Quanto?

― 20.

― Obrigado.

Que perfume! Pensou ele sem nada dizer. No apartamento, serviu a ela mais uma bebida. E mais algumas. Ela o despiu e mordeu sua orelha. Sussurrou algo que não consegui ouvir. Ele riu. Em resposta a beijou, bem. Ela gostou, ele também. O resto não vi, mas imagino.

― Táxi!

Na segunda, olharam-se. O sorriso ainda durava. Apenas bom dia e boa tarde. Ansiavam pela próxima festinha.

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